quarta-feira, 27 de junho de 2012

Consertos

Ela é (em mim) uma pilha energética
Pulsa música, me preenche, me ingressa
Desperta desabafos traduzidos
do mundo bélico à beleza aberta
Dos vícios mentirosos me liberta
Me solta de mim e dos outros
Rasga climas costurando clímax
Ela chove em mim
e eu dentro dela
Revirando estações
A primavera é sépala
O verão é efêmero
O inverno é contido
O outono desandante
Nela é intensa
É breve a hora eterna

Uma lei desconhecida a faz ser energia pura
No sistema nervoso cria excitação
A comunicação comum com ela é poesia
Quem ganha palpitação é a rotina
A pressa é devorada e os detalhes banquete
A fúria, a depressão, o vento, freiam
Pára o coração, dispara a ação, faz sim o não
Muda e  voz de poesia, poeta analfabeto
A beleza é dela e estou nela também em mim
Desertor do meu corpo volto para mais perto
Ela é minha entrega, meu próprio fim
Pantanal, floresta, cidade, caatinga, deserto

Sede maldita em mim liquída
Sente a engrenagem
E amando-a tanto
Deixo a porta aberta
Ela vai embora
Me quebro então
A aparelhagem chora
Me despedaço, ela volta
E me conserta.


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